Esse não é um post de receita, mas de amizade com um objeto e sua restauração. Personagem presente em quase todos os posts desse blog, meu dia não começa sem ela.
As melhores coisas do mundo não são coisas.
Difícil falar isso da minha chaleira.
Água pro café, chimarrão, ou a água quente pra começar qualquer receita.
A antiga enferrujou por dentro, de tanto uso. Dispenso microondas, mas não fico sem minha chaleira, tinha cabo de ferro agate, igual ao corpo, queimava a mão quando a gente esquecia o pano.
Certo dia precisei aposenta-la, comprei a mesma, porém agora o cabo era de madeira.
Fogo forte do fogão industrial queimava o cabo.
Cada novo dia a chama queimava um pouco mais o cabo grosso da chaleira, resistiu por um ano, até esse domingo.
Pegou fogo, o cheiro agradável de lenha queimada, o cheiro de inverno pela casa deu lugar a tristeza pela perda. Tão nova, tão cara, tão boa. O valor vale o investimento. Mas não posso comprar outra, não agora, essa veio de Minas Gerais, Gonçalves, não sei quando volto pra lá.
Acima de tudo, não sou homem de deixar pra trás quem me acompanha.
Num raro momento de testosterona procurei o material correto.
Um cabo de espeto, não deu certo.
Um toco de madeira, não funcionou.
Uma baqueta! Bingo!
Assim minha chaleira ficou mais linda e mais hipster do que nunca, a baqueta andava sozinha, a sua parceira morreu, foi quebrada enquanto batia em pratos no último ensaio da banda, a outra agora é cabo de chaleira. A vida se renova.
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