sexta-feira, 26 de junho de 2009

LEMBRANÇAS DE FOIE GRAS





















Sempre gostei de patê de fígado, mas nunca gostei de fígado.
Tenho essa mesma relação com o leite, tomava por obrigação, gosto de todos seus derivados, queijo, iogurte, requeijão, coalhada, manteiga, mas leite, não. Gosto é do café puro.
Travei incríveis duelos com minha mãe para não tomar leite. A negocição chegou a tal ponto que ela deixaria eu tomar uma xícara de café toda tarde, desde que de manhã e a noite eu tomasse um copo de café com leite, ou leite com nescau.
Desde guri fui muito seletivo para comer, para não dizer chato, gosto das coisas separadas, primeiro a salada, depois, carne, feijão, arroz, tudo bem separadinho. Isso ainda acontece, mas na infância era bem mais evidente.
Quando rolava um sopão, aquela canja,
nesses grandes almoços de familia, os únicos miúdos que comia com muita vontade era a moela e o coração, o fígado deixava para o meu pai. Que saudade dessas reuniões de familia, os animais que me desculpem, mas o sabor da carne de um bicho recém morto é sublime, é o paraíso do sabor, tenho essa sensação uma vez por ano quando vou pescar, limpo o peixe, e faço na hora, ainda com o sangue quente. Mas naquele tempo, minha avó ou tias pegavam uma galinha do galinheiro, aquelas escolhidas a dedo, com coxas bem torneadas, que dão um belo caldo. Na verdade o big brother foi baseado nessa seleção, tu olha a melhor galinha que está no confinamento, daí ela é escolhida, e vai parar nas páginas da playboy, ou na panela.
Voltando ao foie gras, mas ainda falando de morte, sabemos que é uma brutalidade com o animal. O pobre ganso ou pato ganha uma alimentação forçada para o fígado ficar bem maior que o normal e com uma cor, de vermelha saudával para um rosa duvidoso. Fazem os pobres bichos comerem bem mais do que podem aguentar, e ficarem com o fígado pior que o do Zeca Pagodinho.
Eu não tenho muito esse paladar refinado para caviar e foie gras, mas nos lanches da tarde, com pão novinho em folha, aquela bisnaga, ou uma latinha de patê de fígado, eram para mim artigos finos, o foie gras mesmo, só fui comer creio que com meus 28 anos, na Espanha, mais precisamente em Maiorca, Palma, num barzinho de tapas, não gostei muito, pois era misturado com uma geléia que deixava o sabor agridoce, e tenho uma paladar mais simplificado do que refinado. Gosto do que é doce e o que é sal, servidos separadamente, cada um com sua particularidade.
Dias depois que saí da Espanha eu e gatinha fomos visitar minha cunhada Jeanine e seu marido Giovani em Portugal, ele ainda estava no Uruguai, nos encontraria dias depois, já alojados em sua casa.
Já minha cunhada Jeanine, que estava com a gente na Espanha, mas voltou antes, nos esperava com um banquete, aliás sempre que visitamos a Jã, ou somos visitados por ela, comemos muito bem, e essa vez em Portugal, não foi diferente. Já de chegada, tâmaras com bacon, queijos e claro, foie gras, desta vez, sem geléia. Comi muito, gostei bastante, acabei com o pote.
Na semana Jã continuou nos alimentando muito bem, a gatinha ainda não estava grávida mas já estava com um desejo enorme de comer o patê de fígado feito pela irmã Jeanine.
Giovani chegou do Uruguai, passou no mercado em Coimbra, antes de chegar até o Carvalhal de Azoia, uma aldeia da freguesia de Samuel, onde eles moram, trazendo uns pães saborosíssimos.
O patê de Jeanine me foi apresentado pela primeira vez, em grande estilo com os paezinhos portugueses, e eu fiquei viciado no sabor, mais uma vez gatinha me dá uma dica valiosa...
– Tu podia, prestar atenção e aprender, pra fazer pra mim!
Claro que como todo homem de juízo, eu obedeço.
Mas como diz a gatinha, sou meio peixe, e na hora já esqueço.
Volto para o Brasil, e decido no meu aniversário fazer a receita. Mando um e-mail, sem resposta. Tento o Skype, sem sucesso, então encontro minha cunhada Juliana, no skipe, que pesquisa nos manuscritos da familia Menezes Farias e me dá os passos para o preparo. Dias depois Jeanine responde meu e-mail, dando toda a receita, que já tinha feito no meu aniversário e foi aprovada pelos convivas, antes tarde do que mais tarde.
Chegamos enfim ao dia de ontem, 23 de junho, decido homenagear o São Paulo Fashion Week, procuro o e-mail de Jeanine, devo ter deletado acidentalmente, ligo o skype, falo com Juliana, ela me dá uma receita que parece ser ainda mais complicada que a da primeira vez que fiz.
Então decido puxar da minha memória, e, como vocês agora sabem, isso não será nada fácil.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

FOIE GRAS PÃO COM OVO

















Segunda feira, 22 de junho de 2009, último dia da 27ª semana de moda de São Paulo. O tema dessa edição, o ano da França no Brasil. Fico pensando na minha vida fora do evento, as saudades de comer com tralheres, os almoços com minha namorada e a galera do estúdio que ela trabalha. Mas bate bem forte também a saudade do meu blog, e de postar, já são duas semanas afastado, vivendo para a moda nos pavilhões da bienal.
Nessa segunda 22, almoço no quitanda com a galera do estúdio, parte dela na verdade, e falamos claro entre as muitas bobagens sobre o culinária tosca e o SPFW.
Eu digo:
– Acho que vou fazer um post sobre mandioca, para homenagear as milhares de passantes que circulam pelos corredores.
Deixo claro que nada tenho contra, mas como fotografo os looks da estação, fico um pouco chocado com toda essa gente que se monta para o evento. Seja hetero, biba, bolacha ou pan-sexual como o Serguei, que tenha um pouco de bom senso! Isso, aliás, tem que ser a primeira peça do seu vestuário. Sou vaidoso, gosto de escolher uma roupa legal, acredito ela ser nossa embalagem, mas use com parcimônia - faz bem para ti e para os olhos dos outros.
Bom, o povo da mesa ri com a idéia do post, mas ainda não parece ser uma boa piada.
Até que tenho a brilhante idéia de homenagear mesmo o tema, França no Brasil, o que é famoso na terra do Louvre? Foie Gras. O que mais há nos corredores do São Paulo Fashion Week? Bichinhas pão com ovo. Então lanço ao povo da mesa:
– A próxima receita do culinária tosca será o Foie Gras Pão com Ovo.
A reposta...
– Hahahahahahahahahahahahahaahahahahahahaha
Receita mais do que aprovada pelos meus conselheiros.
Mas alguém se preocupa e pergunta:
– No que consiste a receita?
– Como a Pão com Ovo não tem dinheiro para comprar o verdadeiro patê de fígado de ganso, eu resolvo seu problema com um delicioso Foie Gras feito com fígado de galinha mesmo. Isso sim é um pouquinho de Brasil, iá iá.
Saio do almoço e vou para a o prédio da Bienal do Ibirapuera, lá trabalho no meu último dia.

Agora é terça-feira, dia 23, estou no meu maravilhoso lar, saio para o mercado. Vou comprar os ingredientes:

• 1kg de fígado de galinha.
• 1 manteiga (usar meio tablete, embora manteiga nunca seja demais).
• 1 maço de tempero verde (pode usar meio, mas isso depende do seu gosto).

• 1 cabeça de alho (aqui se quiser usar uns 8 dentes, vai do gosto, eu gosto com muito alho).
• Sal a gosto.

Para o modo de preparo, mais um maravilhoso filme da Vergonha Alheia Própria Produções.
Uma empresa tão grande quanto o número de modelos que discutem Nietzsche e Proust.
Bom filme a todos.



Para quem não tem um processador de alimentos, um liquidificador funciona muito bem.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

RECICLAR É VIVER




















Pois não é que é mesmo.
Reciclar é dar uma segunda, terceira, ou inúmeras vidas a algo que não tem mais a mesma utilidade para nós.
Aprendi a reciclar com os Menezes Farias, famila que muito amo e estimo, a caçula dessa familia, trouxe essa conciência para mim. Comecei depois de namorar Lucia a separar o meu lixo, e isso mudou minha vida, nos lugares onde não via isso, e acabava por essas circunstâncias não fazendo, me sentia sujo, pior que o lixo descartado.
Virei um cara radical um defensor da causa.
Nos acapampamentos, nas caminhadas pelo campo e cachoeiras de Santa Maria e arredores, levava minha sacola, embora muitas vezes tu encontra muitas delas espalhadas pelo caminho, digo natureza. Isso aliás me revolta muito, numa das caminhadas de verão, no caminho encontrei umas três sacolas, penduradas em árvores, cheias de latas de cerveja, o que para mim é muito pior, imagine, se a pessoa tem a incrível idéia de levar uma sacola, para recolher seu lixo e não deixar espalhado no meio ambiente, porque não faz o serviço completo? Não leva consigo tudo aquilo que trouxe.
Isso se repetiu em praias, em Canto Grande, Santa Catarina, onde encontrei dois grandes sacos pretos de lixo, espalhados pela areia, e consegui enche-los, em apenas uns 500 metros de caminhada. Como podem fazer isso? E a educação?
Lembro uma vez que estava na praia com minha mãe e joguei, um papel de picolé ou palito, não sei ao certo o lixo, mas lembro de na hora receber uma mão na minha orelha, com o nobre intuito de arrancá-la, dona Roselene fez eu me abaixar, sem soltar da cartilagem, juntar o objeto descartado, e me guiou, repito, sem soltar da cartilagem, até um cesto de lixo.
Isso se chama, educação.
Não lembro o que joguei no chão, mas nunca esqueci mais onde era o seu lugar. Mas quando minha mãe era viva, pouco ou nada se falava de reciclagem, ela morreu em 1992, antes da ECO 92, no Rio de Janeiro.
Chegou o ano de 2001 onde começo a namorar Lucia, a menina que me deu juizo, mas mais do que isso me apresentou Giovani Alencastro, engenheiro florestal que me pós-graduou em reciclagem e defesa do meio ambiente.
Reciclar a natureza ficou pouco para mim, então parti para reciclagem culinária, algo como o restaurante Lavoisier, onde nada se perde, tudo se transforma. Na minha familia essa reciclagem era mais comum. Aquele famoso arroz de soborô, onde tu pega tudo que algum dia já foi prato principal na semana, mas na sexta feira, retornam, acompanhadas, pelo sempre bom companheiro, arroz.
Também temos os famosos casos, natal, onde se come peru até o fim do ano, e na festa de passagem de ano, onde comemos lombo de porco, lentilha, inúmeros outros pratos, até aproximadamente o carnaval, onde se come qualquer coisa.
Os aniversários também são datas da reciclagem alimentícia. Nas festas aqui em casa costumamos comprar enormes sacos de batata frita, uma espécie de Pringles do terceiro mundo, mas são muito boas para acompanhar uma cerveja. No entanto partimos para seguinte matemática, é melhor que sobre do que falte. E sobra muito.
Numa segunda-feira, pós aniversário, resolvo então abrir a geladeira para ver o que posso fazer para o jantar, o que melhor poderia acompanhar as tais batatas. Encontro um frango, comprado no domingo, uma cebola. Na despensa, uma lata de tomates pelados e uma de creme de leite.
Assim nasce, o frango reciclado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

FRANGO RECICLADO






















Começo o vídeo dizendo, reciclar é viver.
No primeiro longa do culinária, a trilogia, frango reciclado, conta com a participação da talentosa diretora Lucia Farias e com a atuação mágica de Baba Nabunda, a cachorra multimídia. Sim, ela já saiu na revista Elle e na Capricho. O currículo de Lucia é bem mais extenso, precisaria um post inteiro para contar todas funções que essa brilhante e amada mulher tem, sim, eu sou suspeito para falar, mas creio que a audiência do blog confirma, por falar em blog, foi por causa dessa linda guria que comecei a cozinhar, muito ela me ensinou, noutras me estimulou, inclusive saí da cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, para morar em São Paulo. E assim como Dado Dolabella e Maradona, construir uma carreira.
Mas voltamos a culinária, porque frango reciclado?
Bueno, num daqueles domingos que eu não queria cozinhar, comprei um frango de televisão de cachorro, eu e minha guria comemos o dito, bem esparramados no sofá, acompanhado de polentas fritas e uma saladinha, para tirar a culpa da fritura.
O tempo passa, e a galinha passa a morar dentro de minha geladeira, chega quase a constituir familia. Então num sábado, véspera de seu aniversário de uma semana, retiro a galinha da geladeira, assim como a Band fez com a Gallisteu.

Vamos aos ingredientes:

• Frango assado, frango de padaria ou de televisão de cachorro.
• Uma lata de tomate pelado.
• Uma lata de creme de leite.
• Um tablete de caldo de frango.

• Uma cebola picada.

• Dois dentes de alho, picados.

Modo de preparo, na trilogia, Frango Reciclado, uma distribuição Vergonha Alheia Própria Filmes.
Parte 1: O Desafio do Desfiar.
Antes de assistir...
Olha aqui esse jogo que eu inventei.
Conte quantas vezes eu falo a palavra AQUI, nos três vídeos e ganhe um Culinária Tosca na sua cozinha. O prato que esolher!



Parte 2: Outras mãos que ajudam



Parte 3: Já tá gravando? Pode ir? Já tá gravando? Ah tá...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

CULINÁRIA TOSCA, NO FIZ



















Gurizada medonha que acompanha o blog, hoje (03 de junho) a partir das 23:15 no canal FIZ, no programa Top.Lá em Casa, vai rolar a estréia na TV do culinária tosca (canais
20 na TVA; 77 na JET; 366 na Telefonica TV Digital; 36 na CTBC; 75 na TVN).
Apareçam.
Quem quiser ver mais dos vídeos do culinária tosca, basta clicar no link abaixo e votar nos vídeos.

http://fiztv.uol.com.br/f/Usuario/index/16061