quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

MORRI, MAS TIVE OUTRA CHANCE.










Morri um pouco ontem.
Por isso nem consegui gravar o vídeo modo de preparo do Culinária Tosca.
Subi aos céus e lá encontrei muita gente legal, Jimi, Janis e Jim.
Fui recebido por ninguém menos que a própria morte, e como disse Cazuza:
"Eu vi a cara da morte e ela estava viva."

Ela era uma mulher muito bonita, achei então que o passeio prometia, mas até o momento não sabia que era só um passeio, digo, um susto.
São Pedro é gente finíssima, foi o primeiro que conheci, anda meio distraído com o tempo é verdade, mas cuidar da metereologia e das portas do céu ao mesmo tempo não é fácil, aliás ele tá dando um jeito de contratar o Zé Ramalho.
Mas é importante dizer aos amigos o que me levou ao céu.
Estava eu em casa, com minha filha e minha cachorra, enquanto minha mulher saiu para trabalhar. Coloquei Alice para dormir e liguei em Viver a Vida. Aquilo estava horrível, pior que a Preta Gil bronzeda, quando o Manoel Carlos fala em superação isso vale para todos, inclusive para ele, eu fiquei uma semana sem TV, umas três semanas sem ver novela, e aquilo não anda.
Embora pareça que eu tenha tentado o suícidio, não foi nada disso.
Resolvi fazer um lanchinho para acompanhar a trama atrapalhada de Maneco.
Há tempos, fiz um post sobre frituras, nele conto sobre a minha imensa vontade de fritar sorrentinos, iguaria argentina que parece um ravioli gigante e redondo.
Ontem abri minha geladeira e lá estavam eles, gordos e reluzentes, como a Preta Gil cheia de Cenoura & Bronze; então pensei que este era o dia D e hora H, como a canção de Paulo Ricardo e Luiz Schiavon.

Esquentei o óleo, peguei a frigideira, joguei o fósforo na gordura, seguindo o velho macete para quando ele acender saber que o óleo está bem quente.
Ele acende e eu jogo os sete sorrentinos.
Que visão, aqueles pastéis pequenos e redondos ficando douradinhos, um filme vem a minha cabeça - quase 3 anos depois de ter provado o meu primeiro sorrentino na calle Charcas, número 4001, no restaurante A Manger e pensado na possibilidade de fritá-los, hoje os encontro a duas quadras da minha casa num lugar chamado Primo Pastificio.
Recomendo!! Aliás esse será um novo serviço oferecido pelo blog, lugares onde se come bem, onde o atendimento é legal e onde há uma preocupação sustentável (e limpa!) relativa as embalagens e recipientes para servir, o Primo Pastifício é um deles, no entanto falarei melhor deles noutra ocasião, num post exclusivo.
Retiro os sorrentinos, sete preciosidades douradas, recheadas com presunto e queijo, choro de emoção, o filme chega ao fim e parece que teremos um final feliz.
Mas ainda resolvo passar um bife de contra-filé para acompanhar as iguarias.
Sento em frente de Manoel Carlos. Como o primeiro, o segundo em seguida, o bife, o terceiro, quarto, bife, bife, bife, restam dois sorrentinos. Agora só resta um, e um pedaço de carne que é dividido em 4 pequenos pedaços, como o sorrentino cortado em quartos.
Um, dois, três e quatro, as luzes se apagam.

Vejo uma luz no fim do túnel, corro em direção a ela...
Um clarão enorme me cega, uso as mãos para proteger meus olhos...
De repente...
– Juliane Moore?
– Não Tosca! Sou apenas a materialização de alguém que você gostaria de ver...
– Então quem é você?
– Sou a morte!
– Não pode ser... mesmo? Mas nem todo mundo gosta da Juliane Moore...
– Isso é o legal na profissão, quando recebi o Renato Russo, eu estava de Pedro Bial e ele amou.
– Então, aqueles sorrentinos foram meus últimos? Mas logo agora que descobri tão perto de casa...
– É, mas foram sete, e mais um bife...
– Mas eu sou pai... preciso ver minha filha crescer...
– Devia ter pensado nisso antes...Vamos dar uma volta.
Dona Juliane, me mostrou muita coisa, mas depois me deixou sob os cuidados de Renato Russo que me sugeriu três receitas para o blog, Rosca Queimada, Croquete Agasalhado e Biscoitos Molhados. Achei um papo estranho e pedi que se ele não se importasse gostaria de ser guiado por outra pessoa. Meu pedido foi aceito, me mandaram o meu conterrâneo, Humberto Gessinger.
Lá vi muitas coisas legais, mas o que mais me chamou a atenção, foi uma lista que São Pedro carrega. Vários nomes interessantes, Silvio Santos, Rod Stewart, Hebe, Maurício Mattar e o que segundo São Pedro já tá fazendo hora extra, mas ele está com medo de chamar pra perto...
Lulu Santos.

Enfim fiz um trato com o Homem, ele disse, com aquela voz de santo:
– Filho você pode voltar e divulgar sua receita, mas terá que me prometer três coisas.
– A primeira e mais importante, ser sempre um pai amoroso para sua filha e fazer o álbum da menina que já tem sete meses. Um pai fotógrafo, que também ilustra, e ainda não fez nada para pobre menina é muito feio.
A segunda é, utilizar o dom da culinária para ajudar o próximo, lembre-se da caridade.
E a terceira. Por favor pare de falar mal do Erik Marmo, eu gosto dele. Ele tem problemas, não é um bom ator, mas tem um coração proporcional a sua falta de talento.

Ao jurar perante Juliane Moore, Humberto Gessinger, Janis, Jimi e Jim para São Pedro eu ganhei mais uns bons anos aqui nesse plano.
Com isso apresento os sorrentinos fritos:

Ingredientes:

• Sorretinos
• Óleo para fritar.


Modo de preparo:

Jogue azeite numa panela, coloque um fósforo apagado, quando ele acender o óleo está no ponto, remova o palito e jogue os sorrentinos.
Deixe fritando de 3 a 5 minutos, virando para dourar por igual.