quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

EU ORGULHOSAMENTE FICO COM O TERCEIRO LUGAR!


















Último post do ano, exatamente no dia 31, como a São Silvestre.
Corro para ter as receitas mais legais, práticas e fáceis da internet, mas como na maratona citada acima, não é fácil conquistar o lugar mais alto do pódium, sempre tem um queniano que aparece nos quilometros finais, passando um, dois e de repente, já não se é mais o primeiro.
Na culinária não vejo diferença, há duas semanas atrás um queniano, de Chapecó, passou por mim, e de repente um Etiope, de Cuiabá, me arranca o segundo lugar das mãos. Fiquei desesperado, como vencer a corrida do prato mais criativo? Como continuar 2010 com o blog e ainda por cima de cabeça erguida, depois da humilhação da derrota?
No entanto, ao ver sumir na minha frente meus dois oponentes, enxuguei as lágrimas, e como um Vanderlei Cordeiro de Lima, corri, mas corri muito em busca do terceiro lugar, com sabor de ouro, com gosto de vitória suprema e incontestável, com maionese.
Sou terceiro lugar, sim, mas tenho orgulho, não é o lugar mais alto, mas é bem mais confortável. E cheguei com garra, determinação e respeito, principalmente respeito.
Pois durante todo esse ano, todas as vezes que cozinhei, nunca faltei com ele aos alimentos que por mim foram preparados, pelas minhas mãos não foram maculados, nem sofreram maus tratos. Como sofrem os scripts nas bocas de Xuxa Meneguel, Angélica e Eric Marmo.
Ao longo desse ano, cresci, evolui, saí do nível Paloma Duarte de atuação e cheguei no Gabriela Duarte com louvor e estou quase pronto para ingressar no nível Débora Duarte, na Escola Duarte's Dramáticas. Me tornei pai, senti que não posso mais errar, tenho alguém que depende de mim, tenho que sempre olhar para frente, andar de cabeça erguida como faz José Sarney, sem medos, sem escrúpulos, sem vergonha, filho da puta, ainda por cima é imortal, pagou quanto pela cadeira? Pagou nada, roubou, pegou a força de algum velho.
Enfim, aprendi muito mesmo nesse ano, a paternidade lapidou minha paciência, e exercitou minha humildade, por isso entendi que tenho que valorizar meus bravos e criativos adversários.
Seja ele negro ou branco, mulher ou homem, porco ou peixe, o importante é que estamos no Brasil somos todos irmãos e no final tudo acaba em pizza.

Por isso mostro e saúdo o primeiríssimo lugar, no alto do pódium, porco pizza.


Segundo lugar, mas não muito longe, bem pertinho, quase empatado, peixe pizza.


Terceiro lugar, e muito feliz com isso, Pão Pizza ou Bruschettão.

Ingredientes:

• 1 pão italiano, tipo filão.
• 5 tomates picados.
• 5 dentes de alho, picados.
• Azeite de oliva.
• 150g de queijo prato.
• 150g de queijo mussarela.
• Queijo parmesão, de preferência ralado na hora, de 50 a 100g.
• Manjericão.
• Pimenta do reino.

• Sal.

Só que antes do habitual vídeo modo de preparo, produzido pela Vergonha Alheia Própria Produções, que este ano contou com o maravilhoso apoio da EADM,D,X&R (Escola de Artes Dramáticas Marmo, Dolabella, Ximenes & Reymond), Escola Duarte's Dramáticas e os workshops de atuação "Um Garanhão Se Faz Com Um Limão", com o professor Zé Mayer e "Não Estou Gritando, Só Estou Atuando", com Tais Araujo e Camila Morgado.
Meu muito obrigado também a todos que acompanham o blog, amigos queridos para quem tenho muito prazer em cozinhar, que 2010 seja tão espetácular como foi 2009, um ano que marcou pelo surgimento do blog o nascimento da minha filha comemorando meus oito anos de casamento e de idade da minha cachorra e filha mais velha Baba.
Por isso Feliz Ano Novo, e que 2010 seja bem mais que 10!!!
(frase Bial, no final).





terça-feira, 15 de dezembro de 2009

SE HAY FILÉ, SOY CONTRA!!




















Vamos falar de carnes!
O contra filé é uma carne proletária, classe média, quase alta.
Não é o rico e sofisticado filé mignon, e nem chega a ser o primo pobre e sempre sem dinheiro, coxão duro.
Aliás na Argentina o contra filé é muito apreciado mas com o nome de lomo. Lomo é um pedaço de carne com uma pequena capa de gordura, muito suculenta e saborosa, nada a ver com essas camerinhas de plástico que fazem a cabeça da galera hypster ou hype, pessoas que se alimentam de tendências, mas quase sempre estão atrasadas quando estas moram no Brasil, ou porque algum gringuinho mais sofisticado, que outro, com mais dinheiro e seguidores no twitter resolve usar uma echarpe rosa com plumas, um bigode e ressucitar um walkman de fita K7, daí todos eles e elas entram em parafuso e as lojas lucram.
O contra filé é um corte retirado perto do lombo da Geisy Arruda, opa, sem ofensas as vacas, desculpem. Como Paulo César Peréio já disse um dia numa de suas entrevistas...
"A carne viva ou morta tem que ser respeitada."
Quando viajei para a Argentina e lá comi muito bem, me deparei com os mais incriveis sabores.
Lá a carne é muito bem tratada e admirada, creio que até mais que na Índia. O nomes que cito, lomo, chorizo fizeram parte do meu cardápio diário. E claro que uma perguntinha aqui, outra ali, enquanto comia nos restaurantes, me ajudou a desvendar alguns segredos do preparo dessas carnes. No Brasil tive apenas que traduzir esses nomes, nada que o google não forneça.
Do mercado para a casa é só colocar tudo em prática, acrescentar algum segredinho de mãe ou sogra, valeu dona Elusa, e esquentar a chapa.
No post mostro que o segredo para um bom bife está nas suas mãos, tão perto e você não sabia.
Fico com as palavras do poeta Humberto.

"Nem tão longe que eu não possa ver
Nem tão perto que eu possa tocar
Nem tão longe que eu não possa crer que um dia chego lá
Nem tão perto que eu possa acreditar que o dia já chegou"

Sem mais delongas vamos a outro filme espetácular, da Vergonha Alheia Própria Produções, para gravar esse post tive vídeo-aulas com mestre da vergonha alheia, Marcos Mion em suas brilhantes atuações no seriado Sandy e Junior e claro o apogeu de sua carreira de ator, a novela Bicho do Mato da Record. Aliás ele poderia ter ficado lá no mato mesmo.

Ingredientes:

• Contra filé, um bife com espessura de mais ou menos um dedo.

• Uma pitada de açucar.
• Sal a gosto.
• Azeite de oliva.


Modo de preparo:




Recapitulando, os pontos da carne estão na mão.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

HISTÓRIA VERDADEIRA UM POUCO INVENTADA DO CARRETEIRO.






















O arroz de carreteiro é um prato muito importante na culinária gaúcha. Está ligado a essa cultura tanto quanto o chimarrão e o churrasco. Na verdade o arroz de carreteiro é a vida após a morte do churrasco.
Depois daquele almoço farto de domingo, onde o gaúcho se empanturra de carne, o que ele não conseguiu engolir, que sobrou por um erro de cálculo, de noite vai se transformar no arroz de carreteiro.
Lembro dos acampamentos com os amigos, onde tive minhas primeiras lições de culinária, os mesmos erros de cálculos aconteciam garantindo o cardápio da noite. Aliás certa vez num acampamento o amigo encarregado do carreteiro daquela noite pergunta ao cozinheiro mais experiente que no dia estava de folga:
– Tchê, mas quantas xícaras de arroz boto para fazer o carreteiro?
O cozinheiro com experiência e com fome, mas sem paciência responde...
– Bah loco, só eu como uma!
Ele conta então oito pessoas no acampamento, e coloca numa pequena panela a quantidade que julga correta. Vinte minutos depois a panela transborda, a cena é hilária todos sentados olhando, esperando pacientemente o arroz ficar pronto e veem a tampa da panela subindo lentamente, cada um com sua cerveja, rindo do espetáculo, enquanto o cozinheiro inexperiente esbraveja, e culpa o outro.
O sabor orginal do carreteiro vem do charque, carne salgada e muito deliciosa.
Era produzida nas charqueadas e consumida por todos brasileiros, mais precisamente os escravos, era o alimento que ia pra as regiões que produziam café e cana-de-açucar e para a região mineradora. O charque foi o responsável pelo crescimento da economia gaúcha, no entanto o charque gaúcho tinha preço maior ou similar que o produzido no Uruguai ou Argentina, devido a onerosas taxas tributárias instituídas pelo império aos estancieiros gaúchos, o que deixava o custo da alimentação dos escravos bem maiores para o resto do Brasil, pois o charque era o alimento das senzalas. Então para o resto do país era muito mais vantagem comprar dos hermanos, que com o dinheiro compraram instrumentos musicais, montaram uma banda, e gravaram o sucesso Ana Julia.
A Província de São Pedro do Rio Grande Sul, ficou indiginada, pois a música além de horrível foi financiada com um dinheiro que poderia ser utilizado de uma maneira muito melhor pela província, que então declarou guerra e passou a se chamar República Riograndense de 1835 a 1845, tempo que durou a revolta contra o Império – Me nego a fazer uma piada de nerd.
Até hoje este prato é muio apreciado no Rio Grande do Sul, uma receita que passa de pai para filho, pela sua simplicidade e claro pelo sabor incrível. Meu pai sempre fez um carreteiro de charque espetácular, elogiodado por muitos, lembro de ficar ao seu lado, roubando pedaços crus de charque, pegava alguns cubos da tábua onde ele cortava, e saia bem faceiro degustando essa especiaria gaúcha, depois voltava e repetia a façanha, até ouvir um...
– Sai daqui guri de merda, senão te corto os dedos.
Hoje o Brasil todo consome, como faziam antigamente só os escravos, mas alguns restaurantes fazem de uma maneira mais requintada, metropolitana. Restaurantes charlatões preparam o carreteiro com bacon, pimentões, tomate, ervilhas e mais outros legumes frescos. Bobagem.
O carreteiro tem ser feito da maneira clássica.
Arroz, charque ou sobra de churrasco, cebola, alho e no máximo um pouco de salsa e cebolinha.
Lembrem, os clássicos nunca morrem, exceto quando são assassinados, como fizeram com as embalagens de fermento Royal e Maizena.

VOLTEI DE CARONA COM O CARRETEIRO.

















Eu voltei!
Saudades do blog, me afastei com um misto de licença paternidade e preguiça que se apossaram de minha pessoa.
Fiquei sim, trabalhando e curtindo nos momentos de folga minha querida, amada e bem feita filha Alice. Segui uma receita de muito amor, pornografia em super 8, pitadas de revistas suecas e 1kg de Carlos Zéfiro. Regada a muito Marvin Gaye e Barry White.
Volto, como diriam os tarados Dominguinhos e Nando Cordel, na canção:
"Trazendo na mala bastante saudades."
Mas nesse tempo todo que estive longe, estudei, aprendi e dominei receitas que virão impávidas como Muhammad Ali, virá que eu vi, tranquilas e infáliveis como Bruce Lee.
Receitas que cairão muito bem, como nosso poeta Caetano, autor das frases acima, em seus shows maravilhosos e escorregadios.
Para esse post-retorno, apresento o carreteiro de charque. Prato típico do Rio Grande do Sul, terra de Getúlio Vargas, Elis Regina, Gisele Bündchen e Jesus Cristo.
Essa iguaria gaúcha, o charque, principal ingrediente do arroz de carreteiro, foi um dos grandes motivos da Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha.
O nome arroz de carreteiro, é dado porque os pilotos das carretas, carros de bois que atravessavam o Brasil, sempre levavam consigo dois produtos abundantes do Rio Grande do Sul, arroz e charque para sua alimentação, a receita básica, sem frescura e muito saborosa será ofercecida agora pelo blog. Receita clássica.
No vídeo do modo de preparo apresento um almoço para 15 pessoas, a proporção é gigante, aqui descrevo uma receita menos numerosa, algo para 6 pessoas, o preparo é o mesmo.

Ingredientes:

• 500g de charque.

• 3 cebolas picadas
• 4 dentes de alho, picados

• 3 xícaras de arroz, parboilizado.
• salsa e cebolinhas picadas


O modo de preparo está no vídeo, outro da Vergonha Alheia Própria Produções.
Confira, mas já aviso, está uma merda.
Mas merda por merda, não perca Páginas da Vida com Taís Araújo, José Mayer e Thiago Lacerda.