segunda-feira, 4 de junho de 2012

Blog de férias, ou morto, ou não...
















Parece que o blog está de férias. Tanto tempo sem nenhum post. Mas eu acho que no fundo era isso, estava sentido que tanto eu quanto o Culinária Tosca precisávamos de um descanso.
Escrevo hoje com aquele gosto de volta ás aulas.
Assim a distância é muito mais saboroso. Sofria com esse tipo de redação, achava uma proposta injusta, ficar sentado descrevendo sobre um tema, dentro de uma sala de aula, relebrando o momento feliz longe dela. Mas assim é a vida, agridoce, como um vinagrete com geléia.
No entanto, vamos lá...
Minhas férias em Paúba.
Saí de São Paulo num sábado, ás 14:37.
Moro ha nove anos em São Paulo e ainda não conhecia o litoral bandeirante. Foram dois débuts. O citado acima e a primeira vez que Alice viaja só comigo, o pai. Desafio a frente.
Tiro de letra, na estrada poucas complicações, só um envolvendo a batata ruflles, e as curvas sinuosas das estradas que levam ao litoral.
Já no destino, amigos nos esperam.
Cervejas gelando, cachaça na espreita, e em breve um fogo que vai assar a maminha e muitas costelas, pecado da carne a caminho, com o bem-vindo pecado da gula.
O sábado já vira domingo, e ainda desconheço a costa paulistana.
Chega o domingo, e não é só o mar que está de ressaca.
O encontro é magnífico, melhor que o esperado. Praia de tombo, um ótimo banho nas águas de maio, a água me lembra um pouco a estação que estamos, mas vai esquentando a medida que me mantenho nela.
Algumas cervejinhas, depois, e uns goles de capirinha, voltamos para a casa. Lá além da habitual costela de Fábio Dias em exímio assador,  tem a Corvina Del Pescador, algo que classifico como um peixe frito assado, é preparado por  Bruno Algarve, um grande responsável pela existência de vídeos nesse blog.
Começa agora um especial chamado...
Quase Todo Dia um Peixe se Aguentar!
A Corvina del Pescador dominical da churrasqueira, dá lugar ao Peixe Vermelho com leite de coco ao forno. Esse preparado na receita original com sopa de cebola, no entanto como não encontro no mercadinho caiçara, faço um sal especial com alho esmagado, alecrim, pimenta, harmonia e boas vibrações, afinal estou numa praia quase deserta bitcho, a pipeline brasileira!!
Na mesma segunda-feira, a meia noite, sororoca assada, na churrasqueira. Nesse caso, o mesmo sal good vibe é colocado no peixe e nas batatas, que assam juntos na mesma grelha.
Na terça, dia do quase, ficamos com uma galinhada, e terminamos a noite com sandubas.
Quarta ao meio-dia um galetinho assado, pedaços que não entraram na galinhada, e uma massinha com molho mediterrâneo, são nosso almoço.
A quarta-feira a noite reserva o Risoto Lambe-Lambe, feito com mariscos, da praia do proctologista anão, a famosa Toque Toque Pequeno, (acho que foi o professor Rodrigo Bozano que a definiu assim).
Na quinta-feira mais um espetáculo da culinária maritima, A Anchova Minimalista, que acredito não ser uma invenção minha, exceto pelo nome. E os peixes vermelhos a moda del pescador, tudo na churrasqueira novamente.
A sexta-feira é o dia oficial do não vamos sujar a louça, assim nos dirigimos para o Canto do Paúba.
Lá, lulas à dorê de entrada, depois um escolhe uma picanha, as gurias pedem filé, uma com batatas purê a outra sauté, quanto a carne uma pede ao ponto a outra mal-passada. Já eu, fico com meio filé mal-passado, pequenos pedaços de picanha que mendiguei de Bruno e a sobra do almoço da Alice, arroz, feijão, iscas de filé e brócolis alho e óleo. 
Na sexta, depois do almoço, a tardinha, passado um pouco da hora do mate, chegam Carol e Bozano. Para quem não conhece, um casal maravilhoso, inteligente, de boa conversa, quase só virtudes. 
Vai começar o jantar, e ao colocar o carvão na churrasqueira Bozano declara:
– Ultimamente tenho me emocionado só com o cheiro do carvão!
Começa o churrasco. Corações, cupim e costelas queimam no alaranjado braseiro.
Bozano também ganha o título de exímio assador.
No sábado, um longo café da manhã, depois da madrugada com vinho na beira da praia, discutindo sobre a falta de presença, ou no caso, ausência das três marias no céu, e a polêmica entrevista da Maria da Graça Xuxa Meneghel.
Chegamos ao ferry boat ao meio dia, e em ilha bela 12:30 aproximadamente.
Lá, sentamos num boteco na beira da praia.
Fomos atendidos pela bela caiçara, Léia. Princesa Léia.
Ela trouxe alegria, caipira, cachaça, cervejinha, batidinha de coco, lulas, mais lulas, peixe-porquinho, manjubinhas, tudo frito com exceção dos líquidos e da conta. E assim foram os 10% e mais R$10,00 pelo sorriso agradável de Léia.
De sobremesa, uma areia e um banho de mar e algum tempo depois um sorvete de despedida em Ilha Bela. 
Ferry boat noturono, agora com Alice acordada. Aproveitamos melhor o passeio.
Em casa, um outro churrasco.
Domingo é o adeus ao litoral, digo, o até breve.
Esse dia me mostra que esse tempo todo o blog não estava abandonado, muito menos morto. Está latente.
Estou parado sim, mas observando tudo, provando cada coisa a seu tempo, descobrindo o meu tempero, a minha alquimia, bem longe do vício dos caldos em tablete e do ajinomotto.
O cardápio de despedida traz um desafio, arroz com lulas e mariscos.
Como limpar lulas?
Com a ajuda da rede mundial de computadores, a internet, eu e meu amigo-hospedeiro, Bruno Algarve, tentamos desvendar esse mistério. Com poucos avanços, ouvimos uma voz ao longe que nos pergunta...
– Vocês são pesquisadores? Estão estudando a lula?
– Não, só estamos tentado limpa-la para comer...
– E precisam de ajuda?
– Sim...muita.
– Posso então?
– Por favor...
Aprendi a limpar lula.
No tempo em que o professor Vianeis, limpou nove, eu limpei uma.
Mas aprendi, e isso foi o que mais fiz nessas férias.
Aprendi, aprendi, aprendi!
Esgotei as possibilidades de comer frutos-do-mar com arroz e também peixes, até sashimi eu comi. E o mais fascinante, trabalhei em dulpa. E eu e Bruno inventamos um prato a dois cérebros, feito a quatro mãos, a pseudo-paella, o arroz Lula-Molusco.
Agora chegou a hora de dividir. E assim que acabarem as minhas férias, teremos, uma a uma todas as receitas citadas acima nesse blog que se encontra à deriva num mar de novas experiências.
Aguardem...






















Um comentário:

  1. Olá tudo bem ?
    Meu nome é Cristiane e faço Gastronomia nas faculdades Opet aqui em Curitiba. Sua história foi contada na nossa aula de hospitalidade, como surgiu o blog, seu "restaurante" muito interessante!
    Parabéns pelo sucesso!
    Quando puder faça-me uma visita: www.kitutisdacris.com.br será bem vindo!
    Abraços, Tudo de bom,

    Cris Bertho Tavares

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