quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Apresentando a série..."As diferenças entre Larica e Culinária", prato do dia: Tos Kani


















Segunda 6 de setembro de 2010, estou em São Paulo, sentando no meu apartamento, com a boca cheia de dentes, mas no caso, não esperarando a morte chegar, mas morto na frente da televisão. Vejo CQC, e me dou por conta do tempo perdido. Não pelo programa que acho bem legal, mas por ter recebido a notícia que Palmirinha está fora do ar.
Porque no Rio Grande do Sul não tinha Gazeta?
Porque não chegava lá em casa esse belo programa de culinária?
Tive a chance de ver quando mudei para São Paulo, no entanto, neguei esse canal, dizendo sentir saudades da RBS. Ah! A burrice da juventude! RBS?
Onde estava minha cabeça quando eu tinha 23 anos?
Perdi bem mais que a Diva do forno e fogão.
Perdi de acompanhar todos dias a inspiração culinária de Palmirinha e também os conselhos de Guinho.
De repente, durante o programa pensando no vazio que eu sentia, pela negligência ao programa de Palmira Nery da Silva Onofre, senti além do vazio, muita fome.
Me dirigi até a cozinha.
Na pia os kanis, descongelavam.
Abro a geladeira, retiro o requeijão em pote de vidro, aviação.
Fecho a geladeira e encontro ao lado do liquidificador, perto do bar, o sal, a pimenta, azeite, vinagre e um vidro de molho shoyu. Escolho ele.
Junto aos doces e outras laricas, que guardo em um cesto no armário da cozinha, encontro um pacote de alga marinha tostada e temperada para aperitivos. Alga ou algo que comemos na casa de Patricia Oyama, jovem, japonesa, jornalista, que nos deu a excelente dica da compra.
Então, coloco na minha frente o pacote de algas, o shoyu, requeijão e o kani. Começo comendo de maneira descordenada, sem saber o que vai com o que, quem combina com quem. Larica.
A minha definição de larica é comer só para acabar com a fome, o que eu acho muito nobre e respeitoso, sem muita preocupação com o paladar,  muito menos com a elaboração de um prato, ideia ou criação. Comer e só.
Mas nesse 6 de setembro eu laricando em frente a TV, tive uma luz gourmet, e de maneira ordenada, ensaiada.
Como se fosse algo que já estivesse ha muito tempo na minha cabeça, eu de maneira ritmada, pego uma alga, pincelo ela com requeijão, não um qualquer, mas um Aviação, o Karandash dos laticínios, e no tempo que eu pincelava a alga, num potinho com shoyu descansava uma fina camada kani, que coloquei num berço esplêndido de alga e requeijão levei até a boca onde a crocância da alga,  se encontrou com a cremosidade do requeijão, o suculento shoyu, o tenro Kani e a ácida saliva, da boca cheia de dentes e  nesse momento deixa de ser uma cena bonita. Mas se transforma num momento saborosíssimo.
Faço para minha mulher, ela come e sorri. O sorriso de Lucia é sincero, verdadeiro e quando é de prazer se torna-se maravilhoso.
Vou para cozinha.
Está mais do que na hora de tirar a poeira e as teias de aranha que toman conta do blog. Então gravo o primeiro episódio da série:
"As diferenças entre Larica e Culinária."
Saí errado, desisto. Acho que não vale a pena, afinal é só uma alga, com requeijão e Kani com shoyu.
Mas minha mulher diz:
– Vai lá grava, faz tanto tempo que tu não sobe um post...
Volto na cozinha e resolvo fazer direito.
Fazer certo, com vontade e dedicação.
Como faz o Cauã Reymond interpretando um retardado, ou a Gabriela Duarte dando vida a uma personagem sem expressão, ou mesmo o Gianechinni interpretando um homosexual.
Luz, câmera, ação! Video modo de preparo Culinária Tosca. Gravando!




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